terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

DIA DO BOTONISTA - 14/02/2012

Jogo sério


O pai do futebol de mesa é comemorado com disputas pelo país



Na Europa, dizem que o futebol de botão nasceu em terras espanholas. Já por aqui, muita gente acha que a brincadeira surgiu na mesma época em todo o litoral brasileiro, levada por marinheiros. O fato é que não há qualquer registro confiável que prove como tudo começou. No Brasil, o marco foi a publicação do primeiro livro de regras, em 1929. O autor, Geraldo Décourt, foi um dos principais responsáveis pela difusão do jogo, que desde 1983 adquiriu status de esporte, já com um novo nome: futebol de mesa. O aniversário dele, 14 de fevereiro, é considerado “dia do botonista” em todo o estado de São Paulo. Mesmo que a data ainda não seja nacional, os jogadores têm motivo de sobra para comemorar. Décourt completaria agora cento e um anos, e várias partidas serão realizadas no país pelo seu centenário.

Geraldo Decourt (acima) em imagem de 1982 [Foto: Arquivo pessoal]

As peças de plástico usadas hoje começaram a ser fabricadas na década de 1950. Antes disso, o jeito era usar botões de roupa mesmo. É daí que vem o nome do jogo. “As crianças roubavam botões de casacos e de camisas dos pais. E a bola podia ser de miolo de pão ou de cortiça, por exemplo”, conta o jornalista e historiador José Jorge Farah, que também é presidente da Comissão Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM). Segundo ele, na hora do improviso valia tudo. Puxador de gaveta, tampa de talco e até tampa de relógio, onde as crianças encaixavam fotos dos jogadores. 

“Muita gente ainda acha que é brincadeira de criança, mas é um esporte como os outros. No Rio de Janeiro, os seis maiores clubes de futebol têm times organizados”, explica Marcelo Coutinho e Santos, coordenador de regras experimentais da CBFM e do Departamento de Futmesa do Bangu, no Rio de Janeiro. No total, há cerca de seis mil botonistas filiados à CBFM, e a instituição calcula que mais de cem mil pessoas pratiquem o esporte como hobby. 

No Brasil, existem três modalidades consideradas oficiais: baiana, ou disco um toque, carioca, ou bola três toques, e paulista, ou bola doze toques. A diferença entre elas, além do local onde foram criadas, está no tempo de jogo, no tamanho da mesa e no tipo de bola. O esporte tem também um campeonato mundial, e Espanha e Hungria são duas grandes potências. A modalidade disputada lá fora é chamada de sectorball, mas os brasileiros conseguiram incluir a categoria paulista na disputa em 2009.

Embora seja um esporte levado a sério, os jogadores brasileiros ganham a vida em outras atividades profissionais. “Não recebemos quase nenhum suporte, pagamos tudo do nosso bolso. Fazemos isso pela paixão mesmo”, conta o presidente da CBFM. Se é assim hoje, imagine na época de Décourt. Considerado por muitos o “pai do botão”, era compositor e artista plástico, um dos primeiros abstracionistas do país. O conhecimento dos botonistas sobre ele não vai muito além disso, mas a situação pode mudar em breve. A viúva de Décourt doou toda a coleção de botões, troféus e fotos do marido para a CBFM, e a ideia é montar um museu. Mas, para isso, toda a instituição vai ter que suar ainda mais a camisa em busca de patrocínio.

Cristina Romanelli


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